tempo para viver.

«Sou a noite do tempo, dos candeeiros acesos, as sombras nas paredes que te faziam medo, a alma que é minha essa guardo para sempre, as paredes não têm ouvidos não falam por toda a gente. Este é o nosso copo, sempre bebemos por aqui. Matar a sede de momentos perdidos por aí, mas já não dá, porque o copo está vazio, sem toda aquela água que formou o nosso rio. O piano lá está, no mesmo sítio, as teclas soltas, pedaços de uma vida onde fico. Nem a escala musical nem a escala do amor, destruiu a doença crónica que me mata sem dor. A casa é a mesma onde eu estou, as fotos são as mesmas onde tu estás, o tempo agora é certo, sem colisões, há menos tempo para viver. O espelho parece maior ou eu pareço mais pequeno, as rosas cor de plano estão agora mais distantes, vermelho era o passado, preto é o futuro, numa vida cor de mel, não foi doce nem um instante! O brilho era intenso, agora intensas são as cinzas, cada segundo passado contigo não ardeu com o mesmo brilho (...) já passaram tantos anos, e as minhas lágrimas secaram, acabaram por fazer de mim um mar de âncoras embaladas. Nas ondas da minha voz, a ecoar na velha casa, a casa onde eu fiz as minhas baladas.»





Pedro Madeira.

tempo para viver.

«Sou a noite do tempo, dos candeeiros acesos, as sombras nas paredes que te faziam medo, a alma que é minha essa guardo para sempre, as paredes não têm ouvidos não falam por toda a gente. Este é o nosso copo, sempre bebemos por aqui. Matar a sede de momentos perdidos por aí, mas já não dá, porque o copo está vazio, sem toda aquela água que formou o nosso rio. O piano lá está, no mesmo sítio, as teclas soltas, pedaços de uma vida onde fico. Nem a escala musical nem a escala do amor, destruiu a doença crónica que me mata sem dor. A casa é a mesma onde eu estou, as fotos são as mesmas onde tu estás, o tempo agora é certo, sem colisões, há menos tempo para viver. O espelho parece maior ou eu pareço mais pequeno, as rosas cor de plano estão agora mais distantes, vermelho era o passado, preto é o futuro, numa vida cor de mel, não foi doce nem um instante! O brilho era intenso, agora intensas são as cinzas, cada segundo passado contigo não ardeu com o mesmo brilho (...) já passaram tantos anos, e as minhas lágrimas secaram, acabaram por fazer de mim um mar de âncoras embaladas. Nas ondas da minha voz, a ecoar na velha casa, a casa onde eu fiz as minhas baladas.»





Pedro Madeira.