Perdi-me nas ondas sedentas do meu corpo (que tu provocas).

Eu mergulhei. Algo me puxou, forçadamente para o fundo. Toquei nele. E na verdade, é diferente do que todos dizem ser. É...liso. Puro, belo. Muito belo. Brilha como o Sol! Mas não é quente como tal. A sua temperatura é média, muito razoável para um simples ser humano como eu. Pode parecer estranho, e no fundo, é, bastante, mas eu fiquei lá. Deitada sobre aquele piso plano e liso, suave como uma pluma. Mantive-me ali, bem quieta. O único movimento que verdadeiramente eu realizava, perante tal situação, era para respirar. Apenas. E mesmo assim, eu tentava não o fazer. Pois para mim, aquele momento era...diferente sendo calmo. Calmo, e só. O silêncio tomou partido de toda a situação. Ou melhor...mais uma vez, a minha respiração atormentou tudo aquilo que eu estava a viver. Ouvia apenas a minha respiração, muito breve, e quase inaudível. Pois eu mesma fiz para que assim o fosse. Estava de olhos fechados, facto que levou, claro, a que não visse nada do que me rodiasse. Porém, eu não sentia qualquer movimento em meu torno, o que me fez acreditar que nenhuma presença, nenhum intruso estaria a invadir o meu espaço, aquele que criei com tanto carinho e dedicação. Eu sabia que mais tarde ou mais cedo, tudo aquilo iria acabar. Mas até lá, eu saboriei o momento, intensamente.
Continuei de olhos fechados. Assim eu me quis manter, até que tudo aquilo acabasse. Tentava obter respostas para o facto de estar dentro de água, deitada sobre o fundo do mar, e estar a agir como...um peixe. Mas mesmo assim, nada pareceu normal. Nenhum peixe se deita sobre o fundo do mar, de olhos fechados. Nada que naquele momento me importasse. Voltei a concentrar os meus pensamentos nas sensações que percorriam o meu corpo. Sentia-me mais do que a flutuar. A água tocava o meu corpo, como se...me acarinhasse, com uma luva bem suave. Eu deixava, sem qualquer contradimento. Dei por mim a sorrir. Mas desta vez, não insólitamente, ou sem sentido. Sorria de felicidade, de satisfação. Estava a viver o que poucos vivem, ou mesmo nenhuns. Continuei a pairar sobre os meus pensamentos, deitada no fundo do mar. A água ainda me 'acarinhava', cada vez de forma mais suave. A temperatura da água, mantinha-se razoável. Nenhuma alteração até ali. E apesar de os segundos passarem como a água passava por mim (a uma velocidade alucinante), eu não me sentia minimamente frustrada por ainda nada diferente ter ocorrido. Poderia ficar assim para sempre. Ali, deitada, sobre algo que me proporcionava as maiores sensações que alguma vez pude sentir! Mas após todos esses meus pensamentos, sobre a (não) alteração do momento, após a passagem dos segundos, algo cativou a minha atenção, e acabou por me distrair meramente. Não abri os olhos, pois não senti necessidade de tal. Algo se aproximou de mim, deitando-se do meu lado. Esse 'algo', pois naquele momento não passava disso mesmo, um 'algo', me abraçou. E após o sucessido, continuei de olhos fechados. Era pele. Uma pele tão suave como...a água do mar, que me acarinhava aos poucos. Esse 'algo', tinha dois pés, duas pernas, um tronco, um pescoço, dois braços, duas mãos, e cinco dedos em cada mão respectiva. Dedos esses que foram entrelaçados nos meus. Não me sentia espantada. Aquela presença súbita, era-me bem familiar. Era como se...já tivesse sentido tudo aquilo, noutro tempo, noutro sítio, algures distante dali. Cada vez esse 'algo' me apertava mais. Senti que não me queria deixar partir, senti que aquele 'algo' estava consciente da necessidade de me proteger, teria interiorizado isso para si mesmo (?) Eu deixei. Deixei-me levar como tinha deixado que a água do mar me acarinhasse. Movimento por movimento e...estávamos abraçados. Naquela altura, já não nos encontrávamos deitados. Agora estávamos sentados, sobre o fundo liso, plano e suave. Continuávamos abraçados. E por momentos, senti-me como uma lapa. Não queria de todo desprender-me dele. E na verdade, aquilo a que eu chamava algo, passou a ter...outro nome. Passou a chamar-se 'ele'. E esse ele, não me queria largar. E na verdade, nem eu o queria largar a ele. A aproximação aumentou, aumentou e voltou a aumentar, até que os nossos corpos estavam praticamente unidos como um só. Sinceramente, já sentia que tudo aquilo fosse assim. Naquele momento, não sentia um 'eu'. Sentia um 'nós', ou até, bem mais do que isso. Os dedos continuavam entrelaçados, com uma força...fora do normal. Mas os dedos não latejavam, não demonstravam dor. Apenas tinham vontade de serem ainda mais apertados, e continuar a apertar mais, com mais força. Assim o fiz, tal como eles praticamente ordenavam, e apertei a sua mão suave, com mais força. Naquele momento, nem o medo de o aleijar me atormentou. Eu sabia que ele sentia o mesmo que eu, e a vontade que me percorria o corpo, estava nele, igualmente. De tal modo, ele apertou a minha mão, com mais força, tal como eu o fiz. Senti ainda mais vontade de me aproximar dele. Mas...a proximidade já era tanta, que a única maneira de os nossos corpos estarem mais unidos do que já se encontravam, era sermos gémos, daqueles que nascem 'pegados' um no outro. Apesar da forma como nos encontrávamos 'unidos', tentei mais alguma aproximação. O que surgiu bom resultado. E da sua parte, recebi o mesmo. Agora, eu encontrava-me sobre o seu colo. Mas de uma forma...diferente. Ele estava sentado, de pernas abertas, eu estava sentada e de pernas abertas também, o que me fez perceber que não eram apenas os dedos que estavam entrelaçados em si, mas também as nossas pernas. Estava literalmente em cima dele. E mais uma vez, não senti medo de o aleijar, de forma alguma. Eu sei que para ele, tal aproximação até era pouca, o que para mim também era. Após passado muito tempo de estarmos assim, bem juntos, a minha mente concentrou-se em pensamentos que exigiam mais...contacto físico. Possivelmente, todos pensam que mais contacto físico não era de todo possível! Mas enganam-se. Acabei por ceder, aos meus pensamentos, às ondas sedentas do meu corpo, que ele provocava, e decidi agir. Muito repentinamente, e sem pensar duas vezes, os meus lábios tocaram os seus. Eu já me sentia a voar, longe, bem distante de tudo o resto, mas naquele momento, atingi o auge da distância. O beijo intensificou-se, e ele pareceu não rejeitar, muito pelo contrário. Acabei por dar uma pausa, em tal momento. O que pareceu não o agradar, o que o fez voltar a beijar-me, de uma forma ainda mais...intensificante, ardente e poderosa. Os meus lábios estavam como fogo! E os dele, igualmente. Não consegui perceber se a minha cara manifestava sinais de vergonha, pois esse é um grande costume meu, mas naquele momento, penso que esse contratempo não se apoderou de mim, em tempo algum. Ainda nos estávamos a beijar. O meu coração estava arrebatador. Os palpites que ele emitia, eram surpreendentes. Acho que...nunca o meu coração tinha batido tanto! Nada que me assustasse. Era normal, pois tais sensações só podiam levar a isso. Além de sentir, também conseguia ouvir o coração dele. E posso garantir que batia tal e qual o meu. Páramos de nos beijar. E eu senti vontade de abrir os olhos, pois ainda não o tinha feito. Mas não era necessário tal. Pois eu sabia exactamente no colo de quem eu me encontrava, quem eu tinha beijado, e quem me arrebatava o coração de tal forma. Acabei por cair na tentação, e abri os olhos. Nenhum espanto, absolutamente. Eu sabia que era ele, desde o primeiro segundo que se aproximou de mim. Conseguia reconhecê-lo, estivesse ele onde estivesse, a que distância estivesse, como estivesse. Quer estivesse de olhos fechados (como naquele momento me encontrava), quer estivesse de olhos abertos. Ali, naquele grande espaço de tempo, o meu tacto tomou o comando. E deu-me sinais de que era ele. Aliás, ainda mais sinais do que aqueles que eu já possuía. Eu sabia. Sempre soube que era ele. Veio ao meu encontro, e proporcionou-me o melhor momento da minha vida. Minha (vida) não, (a vida) dele. Pois hoje, a minha vida está nas suas mãos.
Amo-o, muito.


Sonho ou não, eu escrevi.

Perdi-me nas ondas sedentas do meu corpo (que tu provocas).

Eu mergulhei. Algo me puxou, forçadamente para o fundo. Toquei nele. E na verdade, é diferente do que todos dizem ser. É...liso. Puro, belo. Muito belo. Brilha como o Sol! Mas não é quente como tal. A sua temperatura é média, muito razoável para um simples ser humano como eu. Pode parecer estranho, e no fundo, é, bastante, mas eu fiquei lá. Deitada sobre aquele piso plano e liso, suave como uma pluma. Mantive-me ali, bem quieta. O único movimento que verdadeiramente eu realizava, perante tal situação, era para respirar. Apenas. E mesmo assim, eu tentava não o fazer. Pois para mim, aquele momento era...diferente sendo calmo. Calmo, e só. O silêncio tomou partido de toda a situação. Ou melhor...mais uma vez, a minha respiração atormentou tudo aquilo que eu estava a viver. Ouvia apenas a minha respiração, muito breve, e quase inaudível. Pois eu mesma fiz para que assim o fosse. Estava de olhos fechados, facto que levou, claro, a que não visse nada do que me rodiasse. Porém, eu não sentia qualquer movimento em meu torno, o que me fez acreditar que nenhuma presença, nenhum intruso estaria a invadir o meu espaço, aquele que criei com tanto carinho e dedicação. Eu sabia que mais tarde ou mais cedo, tudo aquilo iria acabar. Mas até lá, eu saboriei o momento, intensamente.
Continuei de olhos fechados. Assim eu me quis manter, até que tudo aquilo acabasse. Tentava obter respostas para o facto de estar dentro de água, deitada sobre o fundo do mar, e estar a agir como...um peixe. Mas mesmo assim, nada pareceu normal. Nenhum peixe se deita sobre o fundo do mar, de olhos fechados. Nada que naquele momento me importasse. Voltei a concentrar os meus pensamentos nas sensações que percorriam o meu corpo. Sentia-me mais do que a flutuar. A água tocava o meu corpo, como se...me acarinhasse, com uma luva bem suave. Eu deixava, sem qualquer contradimento. Dei por mim a sorrir. Mas desta vez, não insólitamente, ou sem sentido. Sorria de felicidade, de satisfação. Estava a viver o que poucos vivem, ou mesmo nenhuns. Continuei a pairar sobre os meus pensamentos, deitada no fundo do mar. A água ainda me 'acarinhava', cada vez de forma mais suave. A temperatura da água, mantinha-se razoável. Nenhuma alteração até ali. E apesar de os segundos passarem como a água passava por mim (a uma velocidade alucinante), eu não me sentia minimamente frustrada por ainda nada diferente ter ocorrido. Poderia ficar assim para sempre. Ali, deitada, sobre algo que me proporcionava as maiores sensações que alguma vez pude sentir! Mas após todos esses meus pensamentos, sobre a (não) alteração do momento, após a passagem dos segundos, algo cativou a minha atenção, e acabou por me distrair meramente. Não abri os olhos, pois não senti necessidade de tal. Algo se aproximou de mim, deitando-se do meu lado. Esse 'algo', pois naquele momento não passava disso mesmo, um 'algo', me abraçou. E após o sucessido, continuei de olhos fechados. Era pele. Uma pele tão suave como...a água do mar, que me acarinhava aos poucos. Esse 'algo', tinha dois pés, duas pernas, um tronco, um pescoço, dois braços, duas mãos, e cinco dedos em cada mão respectiva. Dedos esses que foram entrelaçados nos meus. Não me sentia espantada. Aquela presença súbita, era-me bem familiar. Era como se...já tivesse sentido tudo aquilo, noutro tempo, noutro sítio, algures distante dali. Cada vez esse 'algo' me apertava mais. Senti que não me queria deixar partir, senti que aquele 'algo' estava consciente da necessidade de me proteger, teria interiorizado isso para si mesmo (?) Eu deixei. Deixei-me levar como tinha deixado que a água do mar me acarinhasse. Movimento por movimento e...estávamos abraçados. Naquela altura, já não nos encontrávamos deitados. Agora estávamos sentados, sobre o fundo liso, plano e suave. Continuávamos abraçados. E por momentos, senti-me como uma lapa. Não queria de todo desprender-me dele. E na verdade, aquilo a que eu chamava algo, passou a ter...outro nome. Passou a chamar-se 'ele'. E esse ele, não me queria largar. E na verdade, nem eu o queria largar a ele. A aproximação aumentou, aumentou e voltou a aumentar, até que os nossos corpos estavam praticamente unidos como um só. Sinceramente, já sentia que tudo aquilo fosse assim. Naquele momento, não sentia um 'eu'. Sentia um 'nós', ou até, bem mais do que isso. Os dedos continuavam entrelaçados, com uma força...fora do normal. Mas os dedos não latejavam, não demonstravam dor. Apenas tinham vontade de serem ainda mais apertados, e continuar a apertar mais, com mais força. Assim o fiz, tal como eles praticamente ordenavam, e apertei a sua mão suave, com mais força. Naquele momento, nem o medo de o aleijar me atormentou. Eu sabia que ele sentia o mesmo que eu, e a vontade que me percorria o corpo, estava nele, igualmente. De tal modo, ele apertou a minha mão, com mais força, tal como eu o fiz. Senti ainda mais vontade de me aproximar dele. Mas...a proximidade já era tanta, que a única maneira de os nossos corpos estarem mais unidos do que já se encontravam, era sermos gémos, daqueles que nascem 'pegados' um no outro. Apesar da forma como nos encontrávamos 'unidos', tentei mais alguma aproximação. O que surgiu bom resultado. E da sua parte, recebi o mesmo. Agora, eu encontrava-me sobre o seu colo. Mas de uma forma...diferente. Ele estava sentado, de pernas abertas, eu estava sentada e de pernas abertas também, o que me fez perceber que não eram apenas os dedos que estavam entrelaçados em si, mas também as nossas pernas. Estava literalmente em cima dele. E mais uma vez, não senti medo de o aleijar, de forma alguma. Eu sei que para ele, tal aproximação até era pouca, o que para mim também era. Após passado muito tempo de estarmos assim, bem juntos, a minha mente concentrou-se em pensamentos que exigiam mais...contacto físico. Possivelmente, todos pensam que mais contacto físico não era de todo possível! Mas enganam-se. Acabei por ceder, aos meus pensamentos, às ondas sedentas do meu corpo, que ele provocava, e decidi agir. Muito repentinamente, e sem pensar duas vezes, os meus lábios tocaram os seus. Eu já me sentia a voar, longe, bem distante de tudo o resto, mas naquele momento, atingi o auge da distância. O beijo intensificou-se, e ele pareceu não rejeitar, muito pelo contrário. Acabei por dar uma pausa, em tal momento. O que pareceu não o agradar, o que o fez voltar a beijar-me, de uma forma ainda mais...intensificante, ardente e poderosa. Os meus lábios estavam como fogo! E os dele, igualmente. Não consegui perceber se a minha cara manifestava sinais de vergonha, pois esse é um grande costume meu, mas naquele momento, penso que esse contratempo não se apoderou de mim, em tempo algum. Ainda nos estávamos a beijar. O meu coração estava arrebatador. Os palpites que ele emitia, eram surpreendentes. Acho que...nunca o meu coração tinha batido tanto! Nada que me assustasse. Era normal, pois tais sensações só podiam levar a isso. Além de sentir, também conseguia ouvir o coração dele. E posso garantir que batia tal e qual o meu. Páramos de nos beijar. E eu senti vontade de abrir os olhos, pois ainda não o tinha feito. Mas não era necessário tal. Pois eu sabia exactamente no colo de quem eu me encontrava, quem eu tinha beijado, e quem me arrebatava o coração de tal forma. Acabei por cair na tentação, e abri os olhos. Nenhum espanto, absolutamente. Eu sabia que era ele, desde o primeiro segundo que se aproximou de mim. Conseguia reconhecê-lo, estivesse ele onde estivesse, a que distância estivesse, como estivesse. Quer estivesse de olhos fechados (como naquele momento me encontrava), quer estivesse de olhos abertos. Ali, naquele grande espaço de tempo, o meu tacto tomou o comando. E deu-me sinais de que era ele. Aliás, ainda mais sinais do que aqueles que eu já possuía. Eu sabia. Sempre soube que era ele. Veio ao meu encontro, e proporcionou-me o melhor momento da minha vida. Minha (vida) não, (a vida) dele. Pois hoje, a minha vida está nas suas mãos.
Amo-o, muito.


Sonho ou não, eu escrevi.